11 de novembro de 2009

narcotráfico • passo-a-passo

O Gabriel Gianordoli, designer da Superinteressante mandou o passo-a-passo desse infográfico sobre narcotráfico publicado na revista.


A primeira versão desse trabalho era bem diferente da final, tanto em estilo quanto em intenção.
Tínhamos dados mostrando a contabilidade do narcotráfico, divida em 6 etapas. Decidimos usar uma ilustração realista, como um recorte fotográfico do morro. A inspiração era o clássico infográfico da Super feito pelo Luiz Iria, que mostra como funciona o tráfico e como deveriam agir os policias para combatê-lo.
Depois de um mês trabalhando nessa dupla até chegar a um resultado visual satisfatório, decidimos abandoná-la completamente. Percebemos que o trabalho era pobre de informações visuais. Os números não tinham relação com a ilustração — que estava longe de ser um infográfico.



Representar visualmente esses números era nosso novo desafio. Depois de várias idéias, pensamos em construir uma espécie de fábrica, onde poderíamos transformar os dados numéricos em informação visual. As tabelas anteriores seriam substituídas por pilhas de drogas, fileiras de funcionários etc…
O primeiro passo foi decidir como poderíamos encaixar nossas estapas na cena de uma empresa. Fizemos listas definindo em que compartimento/sala entraria cada dado e como. A compra da droga, por exemplo, seria mostrada como um carregamento sendo trazido em empilhadeiras.
A partir daí, construímos a estrutura básica dessa empresa, tendo como objetivos:
- o edifício deveria parecer real, com salas e andares interligados;
- os elementos numéricos seriam mostrados visualmente;
- as somas finais de cada tabela — despesa ou lucro total — estariam destacados fora das salas, criando uma macroleitura que pudesse ser independente da microleitura de cada tabela.
O resultado desse rafe inicial foi emviado para o ilustrador Cássio Bittencourt.



Depois disso, Cássio fez alguns estudos de acabamento com parte da estrutura, para que pudéssemos decidir melhor o estilo da ilustração. Não queríamos que essa construção parecesse realmente uma fábrica ou empresa, o que acabaria com a conexão visual com a favela. Era importante que preservássemos os elementos do cenário original — especialmente os materiais — ainda que sob uma construção completamente hipotética. Por isso, fomos com a segunda opção.




Mesmo tendo parâmetros de acabamento mais definidos nessa fase, continuamos a ajustar os elementos à premissa de que o cenário deveria lembrar a favela. Na figura 4 os caixas de venda lembram balcões de fast-food, e a sala do RH se parece com a de uma empresa normal. Na figura 5, coberturas de eternit e bancos de madeira substituíram esses materiais.
Adicionamos ainda outros elementos visuais: a mesa com os policiais negociando, o pirata-camelô, o gato e o motoboy — muitos sugestões do Cássio. Eram piadas que também ajudavam a tornar as cenas mais realistas.




A primeira versão quase acabada da página já era bem rica na construção das cenas. A individualização dos personagens através das roupas também acrescentou bastante à ambientação da ilustração, que ainda receberia algumas texturas para reforçar o clima de sujeira. Contudo, a página ainda trazia alguns problemas de visualização de dados:
- os personagens no RH, ainda que separados nos bancos que representavam funções diferentes (embalador, olheiro, soldado etc), pareciam misturados;
- na fila de consumidores, os segmentos criados em cada fila para representar a divisão do consumo por faixa etária — um dado novo da apuração — não eram perceptíveis, devido a individualização excessiva.



Por fim, a ilustração recebeu seu acabamento final com mais textura e melhor contraste entre os elementos e o fundo. Os problemas dos gráficos da versão anterior foram corrigidos:
- os personagens do RH foram alinhados junto à parede que contém sua informação numérica, facilitando sua visualização como um gráfico de barras com pessoas; além disso, cada uma das funções foi distribuída em um único banco e diferenciada por cor;
- a caracterização dos personagens das filas foi diminuída dentro de cada faixa etária — todos passaram a usar as mesmas roupas e cores.
- foram acrescentadas também placas em cada sala, para reforçar a metáfora utilizada em cada cena.
A organização das legendas sofreu poucas alterações, mais relacionadas a mudanças de edição que à sua distribuição espacial. Incluem-se aí os gráficos comparando os dados do narcotráfico com o de empresas legais. As somas de cada tópico foram divididas em dois tipos/cores: vermelho para débitos e verde para créditos.
Enfim, um trabalho bem longo que dependeu bastante da ajuda de toda a equipe aqui na Super.



Créditos
Revista Superinteressante/Editora Abril
Edição: Bruno Garattoni
Design: Gabriel Gianordoli
Texto: Mariana Delfini
Ilustração: Cássio Bittencourt

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3 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Boa, Gabriel!

12 de novembro de 2009 às 09:03  
Blogger Design de raiz disse...

muito fera! adorei! ;)

24 de novembro de 2009 às 18:45  
Blogger macintask disse...

A arte finalizada poderia estar numa resolução melhor.

18 de fevereiro de 2010 às 10:42  

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